A engenharia da pedagogia corporativa

O autodesenvolvimento é a forma que as empresas estão utilizando para alavancar os processos educacionais corporativos e acelerar a especialização dos seus funcionários. Entender o conceito de design instrucional é fundamental para os que atuam na área de desenvolvimento humano das organizações.


Não há como evitar. As tecnologias da informação já tomaram conta dos processos educacionais. Dentro das organizações, então, essa realidade é ainda mais expressiva.
De acordo com o último censo da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento ABTD), mais de 20% dos investimentos que as empresas direcionam para a educação corporativa estão relacionados à utilização de recursos tecnológicos.
Tal demanda tem feito com que se estabeleça uma função relativamente nova no mercado brasileiro: o design instrucional. Em francês, a atividade é denominada de ingénierie pédagogique, que quer dizer “engenharia pedagógica”. Ou seja, diz respeito ao conjunto de técnicas, estratégias e métodos utilizados para transmitir conhecimentos em um processo de ensino-aprendizagem.

Nos Estados Unidos, a profissão de designer instrucional (DI) é reconhecida antes mesmo do advento das novas tecnologias na área educacional. Lá, esse profissional já era tradicionalmente atuante no desenvolvimento de materiais didáticos impressos e recursos para aulas presenciais. No Brasil, entretanto, foi com o desenvolvimento das tecnologias da educação e, principalmente, com a democratização do ensino a distância – quando
novas estratégias didáticas foram necessárias para atender ao universo digital – que o design instrucional ganhou destaque.

Entendendo o Design Instrucional

Na atualidade brasileira, a profissão de designer instrucional está mais relacionada ao desenho de ambientes virtuais de aprendizagem, ao design da experiência educacional, à flexibilização de conteúdos e à personalização segundo estilos de aprendizagens. Rafael Barp é responsável pela engenharia pedagógica dos treinamentos empresariais elaborados pela Dtcom – Educação e Comunicação Corporativa. Ele esclarece quais são as etapas de atuação desse profissional: “captação de briefing, sugestão de proposta pedagógica, planejamento de metodologia, desenvolvimento e aplicação de estratégias específicas de ensino, elaboração de roteiro, produção”. Essas são algumas das fases nas quais o desenhista instrucional pode se envolver dependendo de seu nível na empresa,
ou seja, se é um profissional júnior, pleno ou sênior.
O profissional da Dtcom ainda ressalta que há quem entenda que a atividade se preocupa apenas com o layout dos recursos de ensino-aprendizagem. Barp elucida, porém, que o design instrucional é uma metodologia de desenvolvimento, aplicação e acompanhamento de soluções educacionais, e enfatiza que sua atuação é fundamental já no planejamento das ações de educação e, por vezes, também na análise de resultados.

"EM ALGUNS CASOS, ESSE PROFISSIONAL ATUA TAMBÉM NO PÓS VENDA, ACOMPANHANDO A ANÁLISE DE RESULTADOS DO PRODUTO EDUCACIONAL E PROPONDO POSSÍVEIS AJUSTES."

Atuação na Educação Corporativa

Personalizar o ensino. Essa é uma das missões fundamentais do DI. É preciso ter em vista, por exemplo, que as estratégias de cursos voltados a alunos do ensino universitário – que ainda não iniciaram uma vida profissional – se diferenciam, em muito, das ações direcionadas a um grupo específico de colaboradores de uma organização. Para Michele Kasten, especialista em Desenho Instrucional, a engenharia pedagógica de treinamentos empresariais que envolvem tecnologias deve levar em conta, em especial, a gestão de custos e de prazos para a aplicação de determinado
projeto.
Michele é sócia-diretora do Instituto Brasileiro de Desenho Instrucional – o IBDIN. De acordo com ela, o DI que atua na área empresarial deve ter em mente que as ações de desenvolvimento humano das companhias focam resultados para os negócios.

"NO RAMO CORPORATIVO, A QUALIFICAÇÃO TEM EM VISTA A OTIMIZAÇÃO
DE PROCESSOS EM PARALELO À DIMINUIÇÃO DE CUSTOS COM
TREINAMENTOS. É FUNDAMENTAL QUE AS AÇÕES CONSIDEREM A
RAPIDEZ COM QUE A INFORMAÇÃO CHEGA AO COLABORADOR, DE FORMA
QUE ESTE POSSA TOMAR DECISÕES ACERTADAS EM TEMPO ÁGIL."

Ter facilidade de agregar conhecimentos e compreender a lógica de universos profissionais variados também se torna essencial ao designer instrucional que atua na educação corporativa, segundo Michele Kasten. “O DI deve ser um profissional multidisciplinar. Quando elabora um curso sobre boas práticas de fabricação, por exemplo, ele não precisa ser um funcionário da fábrica, mas necessita compreender como se dão essas boas práticas para transmitir esse ensino. Ele precisa ter essa
facilidade de agregar conhecimentos variados”, explica.

Tendências da atividade

O desenho instrucional de treinamentos corporativos a distância tem o desafio de compensar a ausência física do educador por meio da elaboração de um material de ensino que possibilite um ensino atrativo e autônomo. O desenhista instrucional é o responsável pela eficácia na transmissão dos conteúdos educacionais, ele desenha a instrução, ou seja, se preocupa com a maneira como o conteúdo é transmitido, é um mediador entre as mensagens e o aluno.
Em busca de formas cada vez mais atrativas e eficazes de ensino em um contexto profissional em que o trabalhador tem cada vez menos tempo para se concentrar em qualificação, surgem no mercado de DI algumas tendências. Quem fala sobre elas é Andrea Filatro, pedagoga e gestora de projetos que atua como consultora em EAD e é autora dos livros: “Design Instrucional contextualizado”, “Design Instrucional na prática” e “Produção de conteúdos educacionais”.
Entre as tendências citadas por Andrea, está a elaboração de estratégias de transmissão de conteúdos educacionais por meio de dispositivos móveis. É a chamada microaprendizagem, também denominada de mobile learning. A facilidade de acesso à informação a qualquer hora e em qualquer lugar é um dos benefícios específicos de treinamentos preparados para serem transmitidos nessas interfaces. O conhecimento acessado dessa forma precisa ser pensado de uma maneira muito específica, comenta a pedagoga.

Outra tendência mencionada por Andrea é a gameficação. “A simulação de processos que ocorrem na empresa e a aplicação de jogos para a assimilação de conteúdos é uma estratégia em alta na educação corporativa. No Brasil, porém, infelizmente essa tendência está mais presente nos laboratórios de pesquisa do que na prática das empresas”, enfatiza a autora.

Fonte: Artigo publicado pela DTCOM Comunicação corporativa

Manutenção

Analista de Qualidade/Técnico de Planejamento Manutenção Pós-graduado em Gestão de Produção e Manutenção Industrial/ Graduado em Administração de Empresas / Técnico em Instrumentação, Usuários SAP/PM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário